segunda-feira, 11 de maio de 2009

Pandemia de gripe de 1918

Abrigados em trincheiras, os soldados enfrentavam, além de um inimigo sem rosto, chuvas, lama, piolhos e ratos. Eram vitimados por doenças como a tifo e a febre quintana, quando não caíam mortos por tiros e gases venenosos.
Parece bem ruim, não é mesmo? Era. Mas a situação naquela Europa transformada em campo de batalha da Primeira Grande Guerra Mundial pioraria ainda mais em 1918. Tropas inteiras griparam-se, mas as dores de cabeça, a febre e a falta de ar eram muito graves e, em poucos dias, o doente morria incapaz de respirar e com o pulmões cheios de líquido.
Em carta descoberta e publicada no British Medical Journal quase 60 anos depois da pandemia de 1918-1919, um médico norte-americano diz que a doença começa como o tipo comum de gripe, mas os doentes “desenvolvem rapidamente o tipo mais viscoso de pneumonia jamais visto. Duas horas após darem entrada [no hospital], têm manchas castanho-avermelhadas nas maçãs do rosto e algumas horas mais tarde pode-se começar a ver a cianose estendendo-se por toda a face a partir das orelhas, até que se torna difícil distinguir o homem negro do branco. A morte chega em poucas horas e acontece simplesmente como uma falta de ar, até que morrem sufocados. É horrível. Pode-se ficar olhando um, dois ou 20 homens morrerem, mas ver esses pobres-diabos sendo abatidos como moscas deixa qualquer um exasperado”.

Enfermaria com gripados em Luxemburgo. NMHM/US. A gripe espanhola – como ficou conhecida devido ao grande número de mortos na Espanha – apareceu em duas ondas diferentes durante 1918. Na primeira, em fevereiro, embora bastante contagiosa, era uma doença branda não causando mais que três dias de febre e mal-estar. Já na segunda, em agosto, tornou-se mortal.
Enquanto a primeira onda de gripe atingiu especialmente os Estados Unidos e a Europa, a segunda devastou o mundo inteiro: também caíram doentes as populações da Índia, Sudeste Asiático, Japão, China e Américas Central e do Sul.
O mal chega ao Brasil
No Brasil, a epidemia chegou ao final de setembro de 1918: marinheiros que prestaram serviço militar em Dakar, na costa atlântica da África, desembarcaram doentes no porto de Recife. Em pouco mais de duas semanas, surgiram casos de gripe em outras cidades do Nordeste, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que era então a capital do país.

Morto pela gripe. Rio de Janeiro. Clube de Engenharia. As autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que o oceano impediria a chegada do mal ao país. Mas, com tropas em trânsito por conta da guerra, essa aposta se revelou rapidamente um engano.
Tinha-se medo de sair à rua. Em São Paulo, especialmente, quem tinha condições deixou a cidade, refugiando-se no interior, onde a gripe não tinha aparecido. Diante do desconhecimento de medidas terapêuticas para evitar o contágio ou curar os doentes, as autoridades aconselhavam apenas que se evitasse as aglomerações.
Nos jornais multiplicavam-se receitas: cartas enviadas por leitores recomendavam pitadas de tabaco e queima de alfazema ou incenso para evitar o contágio e desinfetar o ar. Com o avanço da pandemia, sal de quinino, remédio usado no tratamento da malária e muito popular na época, passou a ser distribuído à população, mesmo sem qualquer comprovação científica de sua eficiência contra o vírus da gripe.

Clube de Engenharia.
Imagine a avenida Rio Branco ou a avenida Paulista sem congestionamentos ou pessoas caminhando pelas calçadas. Pense nos jogos de futebol. Mas, ao invés de estádios cheios, imagine os jogadores exibindo suas habilidades em campo para arquibancadas vazias. Pois, durante a pandemia de 1918, as cidades ficaram exatamente assim: bancos, repartições públicas, teatros, bares e tantos outros estabelecimentos fecharam as portas ou por falta de funcionários ou por falta de clientes.
Pedro Nava, historiador que presenciou os acontecimentos no Rio de Janeiro em 1918, escreve que “aterrava a velocidade do contágio e o número de pessoas que estavam sendo acometidas. Nenhuma de nossas calamidades chegara aos pés da moléstia reinante: o terrível não era o número de casualidades - mas não haver quem fabricasse caixões, quem os levasse ao cemitério, quem abrisse covas e enterrasse os mortos. O espantoso já não era a quantidade de doentes, mas o fato de estarem quase todos doentes, a impossibilidade de ajudar, tratar, transportar comida, vender gêneros, aviar receitas, exercer, em suma, os misteres indispensáveis à vida coletiva”.
Durante a pandemia de 1918, Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz, reestruturando sua organização administrativa e de pesquisa. A convite do então presidente da república, Venceslau Brás, Chagas liderou ainda a campanha para combater a gripe espanhola, implementando cinco hospitais emergenciais e 27 postos de atendimento à população em diferentes pontos do Rio de Janeiro.
Estima-se que entre outubro e dezembro de 1918, período oficialmente reconhecido como pandêmico, 65% da população adoeceu. Só no Rio de Janeiro, foram registradas 14.348 mortes. Em São Paulo, outras 2.000 pessoas morreram.
A evolução de um vírus mortal

Tratamento preventivo contra gripe. EUA. NMHM/US. Ainda hoje restam dúvidas sobre onde surgiu e o que fez da gripe de 1918 uma doença tão terrível. Estudos realizados entre as décadas de 1970 e 1990 sugerem que uma nova cepa de vírus influenza surgiu em 1916 e que, por meio de mutações graduais e sucessivas, assumiu sua forma mortal em 1918.
Essa hipótese é corroborada por outro mistério da ciência: um surto de encefalite letárgica, espécie de doença do sono que foi inicialmente associada à gripe, surgido em 1916.
As estimativas do número de mortos em todo o mundo durante a pandemia de gripe em 1918-1919 variam entre 20 e 40 milhões. Para você ter uma ideia nem os combates da primeira ou da segunda Grande Guerra Mundial mataram tanto. Cerca de 9 milhões e 200 mil pessoas morreram nos campos de batalha da Primeira Grande Guerra (1914-1918). A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) responde pela morte de 15 milhões de combatentes.

Fonte:
História. Disponível em: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=815&sid=7 Acesso: 11 maio 2009.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Brasil investiga vírus letal e pouco conhecido

Estudo identifica distribuição nacional de hantavírus transmitidos por roedores e alerta para risco infecção

Enquanto as autoridades sanitárias estão em alerta por medo da gripe causada pelo vírus H1N1, cientistas brasileiros fazem no país o mapeamento de um vírus muito mais letal, porém bem menos contagioso, o hantavírus.

Transmitida por roedores, a hantavirose (síndrome pulmonar do hantavírus) mata entre 32% e 44,5% das vítimas, dependendo da linhagem do vírus.

A forma mais letal, segundo estudos, pode ser o Hantavírus Araraquara, registrado no interior paulista e no cerrado do Planalto Central. Já a variedade mais comum é chamada de Araucária. Segundo o Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, entre 2003 e 2006 foram registrados 600 casos de hantavirose no Brasil.

O estudo de mapeamento biogeográfico do hantavírus no Brasil foi realizado pela Rede de Diversidade Genética de Vírus, ligada ao Programa Genoma da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O virologista Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP) coordenou o trabalho, que analisou a mortalidade pelo vírus nas diversas regiões: — De São Paulo ao CentroOeste, os vírus estão relacionados e são basicamente do tipo Araraquara. No Sul, há mais um outro tipo, o Juquitiba. Ele e o Araucária, que estão associados à floresta de araucária e à Mata Atlântica, explica o pesquisador: — Quando olhamos as estatísticas de mortalidade por hantavírus, percebemos que a mortalidade mais elevada está onde achamos, principalmente, o Araraquara.

De acordo com Zanotto, essa sobreposição de mapas indica que o vírus paulista é o mais letal, mas as pesquisas precisam avançar para estabelecer, ou não, a correlação entre os tipos de vírus e a taxa de mortalidade.

Alta concentração de roedores aumenta o risco Na América do Sul, de acordo com a pesquisa, os hantavírus estão disseminados por Argentina, Chile e Uruguai (variedade Andes), Paraguai (Laguna Negra), Bolívia (Laguna Negra e Rio Mamoré), Venezuela (Caño Delgadito) e Brasil, principalmente Araraquara, Juquitiba e Araucária.

Para Zanotto, o que agrava a situação do hantavírus no Brasil e na América Latina é a alta concentração de roedores no continente, potencializando o contágio para seres humanos.

Os roedores eliminam o vírus pela saliva, fezes e urina; os homens se contaminam pela inalação do vírus contido nesses dejetos ou por meio de água e alimentos contaminados, ou quando são mordidos: — Um terço dos mamíferos é de roedores e dois terços desses roedores do planeta estão nas Américas. Sabemos que o alastramento do hantavírus começou há cerca de 200 anos, é muito recente. Então, várias espécies de hantavírus estão sendo colonizadas. E, toda vez que o hantavírus muda de reservatório, ele se altera. Isso pode ter consequências na sua capacidade de proliferar em seres humanos.

O risco da propagação de um vírus tão letal exige monitoramento: — Na Argentina houve um foco, não surto, de hantavírus de pessoa para pessoa. Se temos o vírus passando para várias espécies de roedores, colonizando, ele muda, podendo contagiar pessoas.

Sintomas lembram forte gripe

Os sintomas da hantavirose começam a surgir 15 dias após o contágio. Eles são parecidos com os de uma gripe forte, com febre alta, dores de cabeça e no corpo. Os pacientes também sentem dor na região abdominal. A recomendação do Ministério da Saúde é para que o doente procure imediatamente um hospital com Unidade de Terapia Intensiva em busca de diagnóstico rápido e possível tratamento.

A possibilidade de ocorrer uma epidemia de hantavirose, no entanto, é muito pequena. O vírus não tem a mesma capacidade de propagação da gripe, já que o hantavírus no Brasil é transmitido ao homem apenas pelos roedores.

Para provocar uma epidemia, o vírus teria que ser transmitido de uma pessoa para outra, mas isso só foi observado na Argentina.

Na América do Sul, o hantavírus causa uma síndrome pulmonar, mas em outras regiões do mundo ele já provocou severas complicações renais.

Não há vacina nem tratamento específico para a hantavirose e a doença atinge principalmente as regiões Sul e CentroOeste, segundo dados do Ministério da Saúde.

Desenvolvimento de kits de diagnóstico rápido

O Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde informou que o governo investiu R$ 2,7 milhões no fomento de pesquisas sobre o tema entre 2004 e 2007. As 20 pesquisas desenvolvidas nesse período foram divulgadas no ano passado. Dois dos projetos contemplados buscavam uma detecção mais rápida do vírus, com o desenvolvimento de kits de diagnóstico específicos para as variedades do hantavírus existentes no Brasil.

Já a pesquisa de mapeamento de biogeografia coordenada pelo virologista Paolo Zannotto foi concluída no início deste ano e publicada na revista “Emerging Infectious Diseases”, do governo americano.

Segundo Zanotto, cuidados básicos como lavar as mãos antes de tocarem crianças e idosos, evitar passar as mãos nos olhos, nariz e boca, devem se tornar hábito para os brasileiros na luta contra doenças transmitidas por vírus como a gripe do H1N1 e as hantaviroses.

O pesquisador defende ainda que o governo brasileiro faça uma espécie de treinamento de crise diante da ameaça da gripe H1N1 para saber como agir em caso de uma pandemia: — A gripe causada pelo H1N1 não é a gripe espanhola, do contrário o número de óbitos seria muito maior. Mas temos uma população de mais de seis bilhões de habitantes. Em algum momento, haverá uma pandemia e precisamos estar preparados.

Jornal da Ciência. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=6320 Acesso em 04 maio 2009.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Água - futura commodity

De acordo com a ONU dentro de 25 anos existirão 4 bilhões de pessoas sem água para satisfazer as suas necessidades básicas.
A assembleia Geral das Nações Unidas através da resolução A/RES/47/193 de 22 de fevereiro de 1993 declarou como Dia Mundial das Águas (DMA) o dia 22 de março de cada ano, o que demonstra a importância deste líquido. Pode parecer absurdo dar tanta ênfase a esta substância quando a terra tem 70% de sua superfície coberta por este líquido. Entretanto, é bom lembrar que a maior parte dele, 97,5% é água salgada dos mares e oceanos, imprópria para o consumo humano e produção de alimentos. Os 2,5% restantes, água doce, também não estão, totalmente, disponíveis para uso, a sua maior parte, 68,9% está nas calotas polares e nas geleiras, 29,9% são águas subterrâneas e 0,9% são relativas às umidades dos solos e dos pântanos. Somente 23 países detêm dois terços das reservas de água potável e 47% dos recursos hídricos estão na América do Sul, sendo que deste total, mais da metade, cerca de 53%, estão no Brasil. De acordo com a ONU, mais de um bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e perto de 2,5 bilhões não dispõem de qualquer tipo de saneamento. Como resultado, 8 milhões de pessoas morrem por ano por causa de doenças relacionadas com a água, das quais 50% são crianças.Ainda, segundo este mesmo órgão, dentro de 25 anos existirão 4 bilhões de pessoas sem água para satisfazer as suas necessidades básicas. Continuando esta tendência, acredita-se que este líquido deva tornar-se uma mercadoria de elevado valor no mercado internacional nos próximos 40 anos. Lembra-se, por oportuno, que o preço, hoje, de uma garrafa de 500 ml de água está em torno de R$ 1,00, quanto custará daqui a algumas décadas? Esta escassez está ligada a dois fatores importantíssimos para o futuro do mundo: o crescimento populacional que, segundo a ONU, hoje somos seis bilhões e a previsão é que cheguemos aos nove bilhões nos próximos 50 anos. Afirma esta entidade que são os países em desenvolvimento, aí englobados os detentores deste recurso, que mais sofrerão, uma vez que quase a totalidade deste crescimento se dará neles. O outro fator está ligado à degradação do meio ambiente motivada pela intensa urbanização, pelo desmatamento e pela contaminação por atividades industriais.A ONU estima que dentro de 20 anos, as guerras serão por causa da água. É bom lembrar que desde 3.100 a.C. já existiam guerras por causa deste precioso líquido. Nesta época, surgiu na Mesopotâmia a civilização Sumeriana, que fazia a administração geral das águas dos Rios Tigre e Eufrates, através do Poder Público. Era uma questão militar em todas as principais cidades sumérias. Em 1997, houve a crise entre a Malásia e Singapura. A Malásia controla metade da oferta de água de Singapura e ameaçou cortar o suprimento, após críticas formuladas ao seu governo. Na África, as relações entre Botsuana e Namíbia ficaram estremecidas por causa dos planos da Namíbia de construir um aqueduto para desviar águas do Rio Okavango, comum aos dois países.Além da água ser vida, o seu uso é muito diversificado. Cabe aqui, introduzir um novo conceito para este líquido que é o de “Água Virtual”. Essa é a água gasta para produzir um bem, um produto ou serviço.Ela está embutida no produto, não apenas no sentido visível, físico, mas também no sentido “virtual” considerando a água necessária aos processos produtivos. Atualmente, em discussões técnicas, esta água está sendo avaliada como um instrumento estratégico na política de água. O comércio agrícola promove uma enorme transferência de água de região onde ela se encontra de forma abundante e de baixo custo para outras regiões onde é escassa, cara e seu uso compete com outras prioridades. É visível que este comércio crescerá futuramente, junto com o esgotamento e contaminação deste recurso. Para se ter ideia do que afirmamos, a China importa em torno de 18 milhões de toneladas de soja por ano, a um custo de 3,5 milhões de dólares que carregam 45 milhões de m3 de água. Em 2003, o Brasil exportou 1,3 milhões de toneladas de carne bovina, com uma receita de 1,5 milhões de dólares e exportou, também, 19,5 km3 de água virtual. A conclusão a que se chega é que a escassez transformará a água, atualmente um direito, em uma commodity valiosa. Nesse caso, os governos dos países detentores devem adotar políticas e procedimentos que garantam a manutenção das suas reservas e que, também, viabilizem o fornecimento deste líquido de uma forma subsidiada, de maneira que os pobres possam ter acesso a ele, cobrando daqueles que podem pagar. Não deixar de lado o fator educacional que é fundamental para a sua conservação e para evitar o desperdício. O Brasil detém grande parte da água doce do planeta e não deve continuar a desperdiçá-la e poluí-la como vem fazendo até agora.

Fonte:
SILVA, G. A. Jornal da Ciência. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=62730 Acesso: 08 abr 2009.

quarta-feira, 11 de março de 2009

LANÇAMENTO


Convido a todos para o lançamento de três vídeos e um sítio virtual, http://www.cuidardosalimentos.fiocruz.br/ , a ser realizado conforme informações no convite acima.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Lançamento do Projeto


Convido a todos para o lançamento de três vídeos e um sítio virtual, www.cuidardosalimentos.fiocruz.br , a ser realizado conforme informações no convite acima.

terça-feira, 3 de março de 2009

Brasil adere a acordo de pesca em alto-mar

O Brasil tornou-se o 38º Estado Parte do acordo da FAO para promover o cumprimento das medidas internacionais de conservação e gestão dos recursos pesqueiros em alto mar pelos navios de pesca.
Em cerimônia realizada na sede da FAO, em Roma, Itália, o ministro da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca do Brasil, Altemir Gregolin, depositou formalmente o instrumento de aceitação brasileiro.
Este acordo é um dos poucos instrumentos internacionais legalmente vinculadores que tratam das atividades de pesca em alto mar - fora das zonas econômicas exclusivas dos países. Os Estados Parte do Acordo devem tomar medidas ativas para assegurar que os navios de pesca com sua bandeira sigam práticas responsáveis de pesca em alto mar.
Em discurso, Gregolin disse que o Brasil se orgulha de ter participado ativamente de todos os processos de negociação dos instrumentos jurídicos internacionais em vigor com respeito às atividades de pesca e aquicultura e afirmou que o presente instrumento de aceitação representa a reafirmação do compromisso do governo brasileiro com a sustentabilidade da pesca em alto mar por meio do pleno exercício das responsabilidades, jurisdição e controle sobre os navios pesqueiros que levam a bandeira do país.
“Com a adesão de cada novo país ao acordo nos aproximamos da meta de garantir que cada barco que pesque em alto mar realize a atividade de forma responsável, assegurando uso sustentável dos recursos pesqueiros marinhos”, acrescentou o diretor-geral adjunto de Pesca da FAO, Ishiro Nomura. “Felicitamos a participação brasileira e esperamos que outros países sigam esse exemplo”.
A adesão brasileira aconteceu no marco da 28ª Sessão do Comitê de Pesca da FAO, que acontece em Roma. O encontro tem a participação de representantes de mais de 80 países que debaterão, entre outros temas, o relatório O Estado Mundial da Pesca e Aquicultura (SOFIA) de 2008, divulgado hoje na sede da FAO.
Segundo o documento, as práticas de pesca responsável precisam ser mais utilizadas e os planos de gestão devem ser expandidos para incluir estratégias relacionadas à mudança climática.
“Ainda que nem sempre sejam aplicadas, as melhores práticas já colocadas no papel oferecem ferramentas claras e provadas para aumentar a resistência da pesca ao cambio climático”, afirmou Kevern Cochrane, um dos autores do estudo. “Portanto, a mensagem aos pescadores e às autoridades pesqueiras é clara: alinhem-se às boas práticas existentes, como aquelas incluídas no Código de Conduta para Pesca Responsável da FAO, e terão dado um passo importante para mitigar os efeitos da mudança climática”.
Situação na América Latina e Caribe
América Latina e Caribe é a região que apresenta a maior taxa de crescimento de produção da aquicultura no mundo. O crescimento médio anual da aquicultura na região foi de 22% entre 1970 e 2006, enquanto a média mundial foi de 8,8%. Segundo o SOFIA, isso é relevante porque é possível que já se tenha alcançado o máximo potencial produtivo dos recursos marinhos naturais e o futuro da produção deverá basear-se na aquicultura.
“A aquicultura é o setor da produção de alimentos de origem animal que cresce mais rápido e, pela primeira vez, pode abastecer a metade do total de pescado consumido no mundo”, acrescentou Jorge González, Oficial Principal de Pesca do Escritório Regional da FAO.
O SOFIA informa que o Chile é o segundo maior produtor de salmão do mundo, com 31% do total, e o sétimo maior produtor de pescados para consumo humano. Na última década, a produção total de salmão na América Latina e Caribe superou a de camarão, graças ao crescimento da produção chilena.
Em relação à Amazônia, o SOFIA observa que 60% das populações de peixes estão subexploradas e 30% estão sobre-exploradas ou em recuperação. “América Latina e Caribe têm um excedente de pescado, mas em geral sua população prefere comer carne vermelha. No entanto, parece provável que esse padrão de consumo se modifique lentamente, aumentando o consumo de pescado graças ao aumento dos canais de distribuição e a preferência crescente por alimentos saudáveis”, disse González.
De acordo ao SOFIA, em 2015, a população da América Latina poderá consumir 20% mais pescado que atualmente.
No Brasil, a pedido da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), a FAO está dando apoio metodológico ao governo brasileiro para adequar as atividades de pesca às normas internacionais de pesca responsável.


Mais informação (disponível em espanhol e em inglês)
Nota à imprensa da Sede “La pesca mundial necesita prepararse para el cambio climático”: http://www.fao.org/news/story/es/item/10343/icode/

Documento “ O Estado Mundial da Pesca e Aquicultura (SOFIA) de 2008”: http://www.fao.org/docrep/011/i0250s/i0250s00.htm

Pesca – Escritório Regional da FAO para América Latina e Caribe: http://www.rlc.fao.org/es/pesca/

Subcomitê sobre Aquicultura de la FAO: http://www.rlc.fao.org/es/pesca/subco.htm
Fonte:
FAO. Notícias. Brasil adere a acordo de pesca em alto-mar. Disponível em: http://www.onu-brasil.org.br/view_news.php?id=7457 Acesso: 03 mar 2009.