quarta-feira, 9 de abril de 2008

Análise de risco é prática necessária para monitor alimentos

Terminou, nessa última terça-feira, o III Encontro Nacional da Vigilância Sanitária de Alimentos, realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Durante dois dias, técnicos da vigilância sanitária de todo o país estiveram reunidos, em Porto Alegre (RS), para dividir experiências e aprimorar o controle sanitário na área de alimentos.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que cerca de 1,8 milhão de crianças morrem, anualmente, antes de completarem 5 anos. Entre as principais causas associadas a esses óbitos, destaca-se a diarréia – complicação muitas vezes provocada por hábitos alimentares inadequados. Essa é apenas uma das enfermidades que podem ser desencadeadas pela ingestão de alimentos.
“Os surtos relacionados a alimentos acontecem globalmente. Alguns são relacionados com patógenos, outros estão mais associados às práticas comerciais. De uma forma ou de outra, para administrar os riscos microbiológicos e químicos, a vigilância sanitária precisa optar por medidas não arbitrárias, transparentes e coerentes”, afirma o representante da Organização Pan-Americana de Saúde, Enrique Perez Gutierrez.
Os governos devem assegurar que os alimentos consumidos pela população estejam aptos para o consumo. Para garantir acessibilidade e eficiência das ações de controle, as autoridades sanitárias dispõem de um importante instrumento de gestão: a análise do risco.
“Risco é a probabilidade de ocorrer um evento adverso a partir do consumo de determinado produto, considerando a magnitude da conseqüência. Ou seja, considerando o evento e o impacto desse evento adverso na comunidade”, explica Gutierrez.
A análise do risco depende de três elementos: a avaliação do risco, a gestão do risco, e a comunicação do risco. Durante os dois dias de encontro, os participantes exploraram todos os três componentes. Foram apresentadas experiências pontuais de algumas vigilâncias sanitárias estaduais e municipais e realizados debates para aprofundar os temas.
Para o chefe da Vigilância Sanitária do Maranhão, Arnaldo Muniz Garcia é preciso entender o cidadão em sua totalidade. “Não adianta utilizarmos, apenas, os métodos punitivos e deixar de entender o contexto que leva determinado indivíduo a se submeter a riscos”, explica. Segundo ele, o melhor caminho é a intervenção educativa.
Durante a manhã dessa terça-feira, o tema central de discussão foi a Comunicação de Risco. De acordo com a professora Lígia Rangel, da Universidade Federal da Bahia, informar a população em situações emergenciais de crise requer planejamento e cautela.
“As situações de crise, principalmente na área da saúde, precisam ser resolvidas de forma coordenada e consistente. A divulgação deve ser feita o mais cedo possível, construindo uma relação de confiança e credibilidade com a sociedade”, afirma Rangel. No campo da vigilância sanitária, a professora destaca algumas interações que devem ser consideradas.
A relação de poder público de qual a vigilância é parte; as relações dos meios de comunicação de massa; os recursos de comunicação disponíveis; as peculiaridades de cada região; e as dimensões sócio-culturais envolvidas no risco em questão são vertentes fundamentais para se pensar as estratégias de comunicação, segundo Rangel. Ela ressalta, ainda, a importância de se considerar os princípios do Sistema Único de Saúde, como universalidade, transparência e eqüidade.
O III Encontro Nacional da Vigilância Sanitária de Alimentos terminou com a apresentação da estrutura de funcionamento, em todo o país, do Centro Integrado de Monitoramento da Qualidade do Leite (Cquali).

Fonte:
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Análise de risco é prática necessária para monitorar alimentos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/080408.htm Acesso em 09 abril 2008.

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